Definitivamente não foi fácil. Hoje o meu dia não foi um
daqueles que acordamos dando bom dia pra vida. Começando pelo sol, que como
quase todos os dias às seis e vinte da manhã vem me dar 'Bom dia !'... Hoje ele
faltou. Lentamente me levantei da cama ainda com sono, abri a janela e percebi
que o tempo estava virando. Abri as
gavetas e peguei qualquer roupa que
apareceu na minha frente e durante o banho torcia pra ter um dia tranquilo de
trabalho.
Cheguei à estação de trem Jardim Romano na hora em que o
trem que pego estava chegando... Não ia
correr, nunca me saio bem nessas situações sempre fico sem ar e o pior sem ter
conseguido alcançar o trem. Tudo
bem, caminhei devagar e esperei o próximo na plataforma, ligando o
rádio do celular...Estou nessa fase inconstante, no celular não tem nenhuma
música, quero ouvir coisas esporádicas estilos diferentes. ‘Aguarde o desembarque para embarcar com
segurança!’ , era o aviso segundos antes do trem chegar a plataforma, entre
tantas idas e vindas já estou acostumada a esperar exatamente de frente onde para
a porta... E lá estava o lugar de sempre me esperando.
Cheguei em cima da hora no Brás , ‘esta composição aguarda
movimentação de trem a frente’, esse é sempre o
motivo dos meus atrasos. Corri até o acesso ao metrô e acreditem, eu consigo entrar em frestas tão
minúsculas que somente a Tinker Bell conseguiria ficar a vontade.
Coloquei os pés no Edifício Oyapock, e pronto! Comecei a
sentir cólicas gritantes, daquelas que você grita: ‘Puta que pariu! Deveria ter
nascido homem. ’ Minha vontade era deitar na mesa e chorar, mas não dava tinha
que trabalhar! É nesses dias assim que você quer voltar imediatamente pra casa
e o relógio não passa. Segundos durando anos pra passar, ligações e
solicitações gritando na sua cabeça incessantemente... Está quase na hora, só mais cinco minutos, e
aleluia enfim às quinze horas chegou e mais que depressa arrumei a bolsa e
parti.
Fiz o trajeto de volta de todos os dias, metrô- trem-ônibus
, e enfim casa ...
-Oi vó, a senhora
está bem ? (depois da descoberta do Alzheimer, ela anda meio triste!)
– Tô!
E como sempre passei
direto das escadas que dá acesso a minha casa, e joguei a bolsa no sofá
da minha mãe.
– Espera! Põe no outro, estou limpando esse.
Enquanto ia à cozinha tomar água, ouço minha mãe dizer:
- Eu acho que essa Branca de neve é doida.
- Sim, ela é! O nome do filme é ‘Deu a louca na Branca de
neve’.
- É esse nome mesmo, ela é estranha.
- Tem esse, o ‘Deu a louca na Chapeuzinho’ e o ‘Deu a louca
na Cinderela’ !
- Todas ficaram loucas? Esta todo mundo em pânico.
Rimos.
Olhei pra foto do Lucas e perguntei: - E hoje qual foi a
graça que ele fez?
- Se jogou na piscina de fralda e tudo. Hoje o dia não
estava muito bom e a Michele não iria pôr ele na água mas enquanto atendia
alguém na loja ele pulou. Está doido com a piscina nova, ele adorou o presente
que o seu pai deu, criança adora água.
-Realmente ! (Nessa hora me veio à mente a lembrança dos
meus verões da infância, e a música que inventei e que todos os primos cantavam
a uníssono insistindo pra que minha mãe deixássemos montar a piscina.) Eu
adorava a piscina, mãe ... A senhora lembra da música que eu cantava pra montar
a piscina? ‘ COCO GELADO, É BOM PRA RETARDADO, TORCIDA AGITA E TODO MUNDO
GRITA: PISCINA, PISCINA, PISCINA...
Rindo, respondeu: - Lembro, de onde você tirou essa música?
- Da quarta série, era o grito de guerra da minha sala. Ao
invés de Piscina era 4ªA (eu adaptei para a causa. HAHAHAHAHA.)
-Só você mesmo!
E de repente, o dia ficou bom. É incrível como minutos de
conversa com a minha mãe consegue mudar um dia inteiro. Mais pelas conversas
loucas do que por qualquer outra coisa que pudesse fazer pra me fazer eu me
sentir melhor, nem tinha chegado a comentar sobre o dia difícil que tive, e ela
conseguiu como sempre consegue a me deixar bem.
Ah mãe! Eu Amo Você!
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