Cartas de Mesversário: 5 Meses



21/04/2014

Na realidade, essa carta está sendo escrita, um ano e um mês depois, queria poder ter cumprido com todos os meus desejos para esse blog, mas fui atropelada pela vida, sendo obrigada a ver tudo desmoronar sem que eu pudesse segurar nada, realmente só ficou o que Deus sabia que eu precisaria pra seguir em frente.

Essa talvez seja a carta que o meu coração mais queria ter escrito, em meio a tanta dor e tristeza, mas eu não conseguia falar, não conseguia expressar nada, afundei dentro de mim mesma, causando traumas e medos que tenho até hoje.

Alice tinha acabado de completar quatro meses, tecnicamente estávamos aprendendo a nos virar juntas, ela já fazia graça e entendia bastante coisa, com muita pressão por parte da família decidi começar a introdução alimentar, algo que me arrependo muito, hoje tenho certeza que eu não precisava, poderia ter continuado somente amamentando até os 6 meses como era meu desejo. As coisas não estavam bem nas demais áreas da vida da nossa família, o Guilherme que estava desde a gravidez trabalhando como autônomo, não tinha grana o suficiente pra arcar com tudo, ao mesmo tempo ele decidiu entrar na faculdade de polímeros quando a pequena tinha dois meses, que foi algo que tornou o meu puerpério mais negro, era muito difícil ficar sozinha com a Alice naquele período, nos desgastávamos discutindo que naquele momento tínhamos uma recém nascida, ele batia o pé que era importante para o futuro dele, e eu implicava que ele estava perdendo um presente que a gente precisava dele e que ele estava perdendo momentos que nunca mais iriam voltar (sim, eu estava certa sobre isso).  As coisas começaram a desandar com a minha família, as vezes morar perto dos pais é muito  ruim, as coisas se misturam demais, o que trás discussões e ressentimentos que nem existiriam se cada um tivesse o seu canto.Teve também uma briga enorme na minha família, mais especificamente entre eu e a minha irmã, o  que acabou fazendo com que eu e o Guilherme optarmos por sair de lá.
A partir daí tudo escorreu de nossas mãos e eu perdi todo o controle da situação que enfim estava tendo com relação ao desenvolvimento da Alice, saímos de casa pra ficar morando na casa da minha sogra até que o nosso cantinho que estava sendo construído ficasse pronto.  A falta de casa e ficar com a Alice num quarto adaptado sem nenhuma das coisas que eu tinha preparado pra ela durante a gravidez, mexeu muito com o meu psicológico e nesse trágico mês eu perdi 5 quilos porque não comia, a Alice mamava o dia inteiro mas só perdeu peso por que não tinha nada no meu estomago. A indução de frutas foi interrompida, quando numa semana a minha pequena ficou muito doente, só vomitando e ficando no hospital, até descobrirmos que ela não poderia comer pera.
Ao mesmo tempo que viviamos o maior caos o papai arrumou um emprego em Jundiaí na área que ele era formado pelo SENAI, e financeiramente as coisas iam melhorar, mas ele precisou abandonar a faculdade, pois não daria tempo de chegar do trabalho e estudar. Ou Seja, passamos por muitas coisas ao mesmo tempo que resultaram no momento mais difícil de nossas vidas, a partir desse mês a nossa vida virou de cabeça pra baixo, tivemos que passar por muitas coisas e sofrimentos "adultos" para que hoje estivéssemos bem.
O meu emocional ficou totalmente abalado e ainda carrego alguns traumas que ali foram adquiridos, não consegui escrever se quer uma carta de mesversário para Alice, pois me sentia totalmente desestabilizada. Mas o que tenho a acrescentar aqui é que ainda bem que ela estava conosco nesse momento, foi a maior fonte de força e paciência e tudo foi por ela. Hoje sabemos que nesse momento aprendemos muito e o que passamos ali reflete nas nossas decisões e na forma que vivemos hoje.

Aqui algumas fotos do período:


  


 

  



 


 


  


 






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